HPV: o vírus silencioso que pode ser evitado com uma simples vacina
Durante o Outubro Rosa, o mundo se veste de rosa para lembrar a importância da prevenção do câncer de mama. Mas, aos poucos, a campanha ganhou um novo e necessário olhar: o de cuidar da saúde feminina de forma mais ampla, com atenção especial ao câncer de colo do útero — uma das doenças mais incidentes entre mulheres no Brasil e diretamente associada ao HPV.
O papilomavírus humano (HPV) é um inimigo silencioso. Trata-se de um grupo com mais de 200 tipos diferentes de vírus, transmitidos principalmente pelo contato direto com a pele ou mucosas, especialmente durante relações sexuais. Estudos apontam que mais de 80% da população já teve contato com o HPV em algum momento da vida — muitas vezes sem perceber, já que a infecção pode desaparecer sozinha, sem sintomas aparentes.
No entanto, cerca de dez tipos do HPV merecem atenção redobrada. Eles têm alto potencial cancerígeno, e os tipos 16 e 18 são os mais perigosos: juntos, são responsáveis por aproximadamente 70% dos casos de câncer de colo do útero. Além desse tipo de câncer, o HPV também está associado a casos de câncer de ânus, vulva, vagina, pênis e orofaringe — região que inclui a garganta, as amígdalas e a base da língua. O vírus pode ainda causar verrugas genitais dolorosas e constrangedoras, que afetam a autoestima e a vida sexual.
De acordo com o Ministério da Saúde, o câncer de colo do útero causa cerca de 20 mortes por dia no país e deve registrar mais de 17 mil novos casos anuais no triênio 2023-2025. A boa notícia é que essa é uma doença altamente prevenível, e a principal forma de prevenção é a vacina contra o HPV.
Os especialistas são unânimes: a vacinação é a medida mais eficaz de proteção porque impede o contato com os tipos do vírus que mais causam câncer e verrugas. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a vacina gratuitamente, em dose única, para crianças e adolescentes de 9 a 14 anos, além de públicos específicos acima dessa faixa.
Para ampliar a proteção, o Ministério da Saúde estendeu, até dezembro de 2025, a vacinação para jovens de 15 a 19 anos. Segundo dados oficiais, em 2024, 82% das meninas até 14 anos e 67% dos meninos foram imunizados — um avanço fundamental para conter a circulação do vírus e reduzir o impacto do HPV sobre a saúde pública.
Neste Outubro Rosa, o alerta vai além do câncer de mama. É hora de lembrar que a prevenção começa cedo, com a vacina, e que o HPV pode ser vencido com informação, responsabilidade e cuidado

